"Pierre Bourdieu, nascido em 1º de agosto de 1930, em Denguin (Béarn), morreu em Paris, no dia 23 de janeiro de 2002. Eleito diretor, em 1965, da VI Seção da École pratique des hautes études, que em 1975 se tornou École des hautes études en sciences sociales, continuou sendo seu membro integral após ingressar no Collège de France, em 1982, até se aposentar, no verão de 2001. A partir de 1968, dirigiu no Collège de France o Centro de sociologia européia, fundado por Raymond Aron, onde criou, em 1975, sua célebre revista, Actes de la recherche en sciences sociales, que dispõe de um lugar à parte entre todas as revistas internacionais de sociologia, especialmente em razão de sua abertura às outras ciências sociais. Como decano da Assembléia dos professores, presidiu a cerimônia consagrada à eleição do presidente da École, em junho de 2000, e ainda esteve entre nós, em junho de 2001, para a eleição anual dos diretores".
ENCREVÉ, P; LAGRAVE, R-M. Memória do trabalho, memória no trabalho. In: ENCREVÉ, P; LAGRAVE, R-M. Trabalhar com Bourdieu. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005, p. 8).
Cronologia
Cronologia de Pierre Bourdieu elaborada pelos professores Maria Alice Nogueira e Cláudio M. Martins Nogueira (com a colaboração de Gisele Ferreira da Silva e Vanda Lúcia Praxedes).
“1930 – 1º de agosto – Pierre Félix Bourdieu nasce em Denguin, pequeno vilarejo da província do Béarn, região rural do Sudoeste da França, situado nos Pirineus e próxima da Espanha, onde a língua nativa era o occitânico. Seu pai, Albert Bourdieu, originário de uma família de camponeses, havia se tornado, ao redor dos 30 anos, modesto funcionário público dos Correios, tendo exercido, ao longo da vida, o ofício de carteiro na região do Béarn. Sua mãe, Noémie Bourdieu, também proveniente do meio rural, pertencia a uma família de agricultores com nível social um pouco mais elevado.
1941-1947 – Frequenta o Liceu de Pau (capital do Béarn), onde cursa a primeira parte do ensino secundário e se distingue nos estudos.
1948-1951 – Recebe uma bolsa de estudos para cursar o ensino médio e, a conselho de um de seus professores do Liceu de Pau, ingressa no Liceu Louis-le-Grand, em Paris, reputado por constituir o melhor curso preparatório para o ingresso na École Normale Supérieure de Paris e por reunir os melhores alunos do país.
1951-1954 – Ingressa na célebre Escola Normal Superior (ENS) da Rue D’Ulm, em Paris, o mais importante centro de recrutamento e formação da elite intelectual francesa. Diploma-se, nessa escola, em Filosofia, aos 25 anos. Na mesma época, realiza estudos de graduação também em Filosofia na Faculdade de Letras de Paris (Sorbonne), onde defendeu a tese intitulada “Estruturas temporais da vida afetiva”.
1954 – Obtêm – juntamente com Jacques Derrida e Emmanuel Leroy-Ladurie – aprovação no concurso de Agrégation (concurso público de admissão ao cargo de professor de liceu ou de faculdade).
1954-1955 – Passa a lecionar Filosofia no Liceu de Moulins, pequena cidade situada na região central da França.
1955-1958 – É convocado e presta o serviço militar na Argélia, então colônia francesa no Norte da África, em plena guerra (1954-1962) por sua independência da França.
1958-1960 – Leciona na Faculdade de Letras de Argel (capital da Argélia), como professor assistente. Durante esse período, desenvolve extenso trabalho de campo que redundou numa etnologia da sociedade cabila (população camponesa habitante das regiões montanhosas do Norte da Argélia).
1960 – Em função do agravamento do conflito colonial e diante das posições liberais que assume ante a guerra de independência, Bourdieu é obrigado a voltar para a França, tornando-se professor assistente na Faculdade de Letras de Paris (Sorbonne).
[...]
1961-1964 – É nomeado professor e orientador pedagógico da Faculdade de Letras de Lille (cidade localizada Norte da França). Na Universidade de Lille, ministra, pela primeira vez, cursos sobre os “pais fundadores” da sociologia (Durkheim, Weber, Marx), mas também sobre a Antropologia britânica e a Sociologia norte-americana. Paralelamente, prossegue o trabalho de análise dos dados de campo coletados durante o período argelino e em suas constantes viagens de férias à Argélia.
1964 – Passa a lecionar na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS) de Paris, credenciando-se também como orientador de teses e estudos científicos. Ao assumir esse posto, aos 34 anos, tornou-se um dos mais jovens professores dessa instituição. É indicado por Raymond Aron para sucedê-lo na direção do Centro Europeu de Sociologia. Torna-se diretor da coleção Le sens commun para a editora parisiense Minuit. Por mais de duas décadas, Bourdieu dirigiu essa coleção na qual publicou obras clássicas [...], bem como traduziu e divulgou, na França, grandes autores contemporâneos (entre eles: Goffman, Bernstein, Labov, Goody, Hoggart). Nessa mesma coleção, publica, em coautoria com Jean-Claude Passeron, o livro Les Héritiers, sua primeira grande obra no campo da Educação.
1967 – Funda o Centro de Sociologia da Educação e da Cultura (CSEC) na EHESS. Nesse centro, Bourdieu congregou e dirigiu, por mais de 30 anos, uma grande equipe de pesquisadores dedicados à compreensão das relações que se estabelecem entre o universo da cultura e o campo do poder e das classes sociais.
1970 – Publica, mais uma vez em coautoria com Jean-Claude Passeron, aquele que se tornaria seu livro mais conhecido no terreno da Educação: La reproduction [...].
1975 – Com o apoio de Fernand Braudel, então diretor da Maison des Sciences de l’Homme, cria o periódico Actes de La Recherche em Sciences Sociales (ARSS), que dirigirá até os momentos finais de sua vida. [...].
1979 – Publica, pela Editora Minuit, o livro La distinction.
1981 – É eleito professor titular da cátedra de Sociologia do Collège de France. [...]
1993 – É lançada a primeira edição da coletânea, organizada por Bourdieu, La misere du Monde, que, apesar de suas mil páginas, teve enorme sucesso de vendas, e foi adaptada para o vídeo e para o teatro.
1993 – Recebe a Medalha de Ouro CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique), um dos mais importante símbolos de reconhecimento conferidos pela comunidade científica francesa.
2002 – 23 de janeiro – Pierre Bourdieu morre, em Paris, aos 71 anos de idade. [...].”
Referência
NOGUEIRA, M. A; NOGUEIRA, C. M. M. Bourdieu & a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2009, p. 103-108).